Em Terrae Brasilis, um grande lounge que fala de Brasil – para brasileiros, mas também para o mundo –, a arquiteta e designer Fernanda Marques retorna à Casacor São Paulo, após um hiato de onze anos.

Existe uma versão oficial que atribui a origem do nome Brasil à presença abundante no território recém-descoberto da madeira caesalpinia echinata, conhecida, popularmente, por pau-brasil. Da casa do tronco da árvore extraia-se uma resina avermelhada, utilizada pelos indígenas em suas pinturas corporais e, pelos portugueses, no tingimento de tecidos.

Assim, a cor vermelha brasa da madeira deu origem não apenas ao nome oficial do País – Terrae Brasilis, até 1506, e Brasil, que permanece desde 1527 –, mas também ao seu próprio povo, os brasileiros. “Retomar as nossas origens me pareceu um caminho natural diante do desafio proposto por Casacor 2024 de desviar um pouco o nosso olhar para um novo eixo criativo, menos eurocêntrico e mais original”, afirma a arquiteta e designer Fernanda Marques, que retorna este ano ao evento após um hiato de onze anos.

Partindo de suas impressões sobre o Brasil ancestral, o de hoje, mas também do futuro, em Terrae Brasilis, – um grande lounge, com biblioteca e bar, articulado e uma área externa – Fernanda se volta para um Brasil perene e ancestral, para, a partir dele, discutir questões pertinentes ao design de interiores na atualidade, tais como a otimização dos diferentes ambientes, o bem-estar expandido e a sustentabilidade aplicada aos espaços domésticos.

Mas, também, em perspectiva emocional e simbólica, volta seus olhos para o imaginário nacional, tomando o Brasil como recurso poético e concreto. Poético, enquanto elemento expressivo, capaz de inspirar o design de móveis como a coleção de mesa Serras, que levam a sua assinatura, mas também, a escolha das obras de arte, que colocam em destaque artistas de diversas escolas brasileiras, tais como Isabelle Borges e James Kudo.

Concretamente, a madeira, nosso material primordial, se faz presente no mobiliário e sobretudo na gigantesca abóbada, que recobre o espaço, construída a partir de um material de última geração, o forro U25 Woodlines, da Hunter Douglas, que reproduz, com grande fidelidade, e de maneira sustentável, a matéria-prima.

“O desenho do ambiente parte de dois exemplares de um de meus mais recentes projetos: dois sofás Landscape, produzido pela Breton, que livres e soltos, tais como uma grande ilha, se associam a ideia de pensar o Brasil como uma grande extensão territorial, particular e única, dentro da geografia global”, explica Fernanda. “E é em torno dessas peças que se articulam os demais móveis e se avistam outras terras”, conta ela, se referindo às áreas do bar, biblioteca e externa.

“Herança bem-vinda do período pandêmico, por diversas razões, percebo que o espaço doméstico se tornou o grande centro de entretenimento da família. Se na cozinha muitos se desdobram na produção de seus pratos favoritos, outros querem fazer do bar, o seu grande palco cênico”, observa a arquiteta, que, em resposta à questão, equipou seu lounge com um móvel de madeira, com feições eminentemente orgânicas.

Para Fernanda, a Casacor São Paulo, além de principal mostra de design de interiores nacional, é um espaço privilegiado para o debate de questões relevantes na área. “Em última instância, ela reflete nossas dinâmicas de vida. E, a partir do compartilhamento de diferentes visões dos nossos espaços comuns, podemos dar visibilidade a conhecimentos e práticas que fazem parte do nosso cotidiano profissional, mas que podem contribuir para a elaboração coletiva do morar”, conclui ela.